Agora é tarde…
A frase “agora é tarde, Inês é morta” é um ditado português que significa que é tarde demais para agir ou reverter uma situação, pois ela já se tornou irreversível. A expressão tem origem na trágica história de Inês de Castro, amante do Príncipe D. Pedro, mais tarde Rei de Portugal, assassinada por ordem do Rei Afonso IV.
Condenada
Pois bem, a célebre frase aplica-se perfeitamente à fuga da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), cassada e condenada a dez anos de prisão pelo STF por coordenar a invasão ao Sistema Nacional de Justiça em 14 de maio de 2023.
Pautou a imprensa
Com sua fuga, Zambelli conseguiu pautar toda a imprensa brasileira, tanto a mídia corporativa quanto os veículos alternativos ou progressistas, como queiram.
Fuga “legal”
Curiosamente, sua fuga se deu de forma “legal” (sic), embarcando em um avião sem ser impedida, apesar da condenação já imposta. Ora, sendo uma condenada, não seria o caso de o STF ter determinado o uso de tornozeleira eletrônica para impedir sua saída do país? Resumindo, a culpa da fuga não é da condenada, mas sim do estado brasileiro que não tomou as providências, como, por exemplo, reter seu passaporte.
Mais um pepino para Jair?
Essa atitude da deputada pode trazer complicações adicionais (ou pepinos, como diz o povo) para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ). Afinal, não seria exagero imaginar que o STF passe a cogitar tornozeleira eletrônica para ele também, como forma de prevenção contra possível fuga?
Zambelli e Robinho
Não sou jurista, mas me vem à mente o caso do jogador Robinho. Ele cometeu um crime na Itália e está preso no Brasil, cumprindo pena por ordem da Justiça brasileira em cooperação com a Justiça italiana. Então, fica a dúvida: se o Brasil cumpre ordens de extradição e execução penal de outros países, não poderia também solicitar à Justiça italiana (ou de outro país) que devolva Zambelli para cumprir sua pena aqui? Ou o fato de a condenada ter cidadania italiana impede sua extradição?
O espaço está aberto para juristas comentarem e esclarecerem essa dúvida — minha e, com certeza, de milhares de brasileiros e brasileiras.