Em tempos de hiperconectividade e crises sociais, cresce o espaço para ideias perigosas. Grupos de ódio — cada vez mais presentes em redes sociais — representam uma ameaça real à democracia e à convivência pacífica. Eles promovem discursos violentos contra minorias e buscam cooptar, principalmente, adolescentes e jovens vulneráveis.
Extremismo: Intolerância disfarçada de “ideologia”
O extremismo tem como principal característica a intolerância. Trata-se de uma postura radical que rejeita o outro simplesmente por ele ser diferente — seja por sua raça, religião, orientação sexual, identidade de gênero, deficiência, posicionamento político ou ideológico.
Esses grupos enxergam na violência um caminho legítimo para impor sua visão de mundo. E, para ampliar sua base de seguidores, buscam constantemente se infiltrar em espaços de formação e socialização: escolas, igrejas, clubes, quartéis, universidades e, principalmente, nas redes sociais.
A tática de sedução digital
Twitter (X), TikTok, Telegram, Facebook, Instagram e outras plataformas tornaram-se espaços férteis para o recrutamento. Jovens são alvos preferenciais — muitos em busca de pertencimento, visibilidade ou sentido. Esses grupos prometem “fama”, “força” e “voz” àqueles que reproduzirem seus discursos de ódio.
O formato é sedutor: memes, vídeos curtos, frases de impacto. Mas a mensagem, no fundo, é a mesma de sempre: destruir o diferente.
A sombra do passado: o exemplo do nazismo
O que vemos hoje não é algo inédito. Hitler também surgiu em meio ao caos. Em uma Alemanha mergulhada em crise econômica e social, sua retórica nacionalista e autoritária conquistou apoio popular. Chegou ao poder por meio de eleições legais — e, uma vez no comando, iniciou um dos períodos mais sombrios da história moderna.
Seus discursos prometiam liberdade e prosperidade. Mas o que veio foi repressão, perseguição, censura, guerra e genocídio.
O fascismo não chega gritando — ele se infiltra
É preciso entender que o extremismo e o fascismo raramente se impõem de forma abrupta. Eles penetram de maneira sutil e estratégica em setores fundamentais da sociedade: imprensa, justiça, política, educação, religião e até no entretenimento.
Aos poucos, vão normalizando discursos de ódio, relativizando a violência, desacreditando a ciência, a cultura e as instituições democráticas.
Violência e manipulação legal: duas frentes de ataque
O extremismo se manifesta de duas formas principais:
- A violência escancarada: contra pessoas LGBTQIA+, contra religiões de matriz africana, contra defensores de direitos humanos, contra a democracia, contra a vacina, contra tudo que represente pluralidade.
- A manipulação “legal” (lawfare): quando a lei é usada como arma para perseguir adversários políticos, calar vozes críticas ou intimidar opositores. É a distorção da justiça usada como estratégia de poder.
O absurdo travestido de “liberdade”
É comum vermos figuras públicas, inclusive parlamentares, defendendo ideias extremistas nas redes sociais. Alguns chegam a pedir, abertamente, que países estrangeiros invadam o Brasil para “salvar a democracia”. Alegam que vivemos uma ditadura e que a liberdade de expressão está ameaçada. Alguns publicam em suas redes sociais, imagens ostentando armamentos que possuem como fossem brinquedos inofensivos.
Mas pense: se estivéssemos realmente sob um regime autoritário, essas pessoas teriam liberdade para falar o que dizem? Provavelmente estariam censuradas, presas — ou coisa pior.
Atenção, sociedade: precisamos estar alertas
O extremismo não é brincadeira, nem exagero. É uma ameaça concreta que cresce à medida que a desinformação, o medo e o ódio se espalham. A vigilância democrática exige não só instituições fortes, mas também uma sociedade consciente, crítica e atuante.
Precisamos educar, dialogar, denunciar e, principalmente, não normalizar discursos violentos e antidemocráticos. A história já nos mostrou o que acontece quando deixamos o ódio crescer em silêncio.